domingo, 7 de setembro de 2008

Livro - Terral do Sonhos - Mary Pimentel




TERRAL DOS SONHOS - O Cearense na Música Popular Brasileira

Mary Pimentel Aires - Fortaleza : Banco do Nordeste do Brasil / Gráfica e Editora Arte Brasil, 2006
204p. (Coleção Teses Cearenses) C.D.U. 323.17.78(81)

Nos anos 60, em pleno período autoritário, eclodiu em Fortaleza um movimento musical que repercutiu no Brasil afora. Em torno da Faculdade de Arquitetura e de bares como o Balão Vermelho e o Anísio, na Beira Mar, gravitavam estudantes universitários que utilizavam referenciais estéticos como expressão de uma insatisfação diante da censura, do fechamento que o país vivia e da repressão que se acentuou a partir de 1968.


Este movimento, de certo modo, era tributário de uma tradição musical que vinha do século XIX, com as modinhas de Nepomuceno e se reforçava no início do século com a verve de Ramos Cotoco, Branca Rangel e Juvenal Galeno.
Mais recentemente, com a boemia de Lauro Maia e Aleardo Freitas e a inquietude de Luis Assunção mantiveram uma tradição que os novos superaram sem negar a contribuição dos que vieram antes.

Nos festivais, tão em voga nesta década de transformações e contestação, se forjaram valores que partiram para tentar o mercado nacional.

São estas questões que Mary Pimentel trata: a essência do que seria “cearense”, sem cair na facilidade dos estereótipos, as relações com a industria, as propostas de uma nova estética. O resultado é um painel vivo e instigante, num texto rigoroso, mas de leitura prazerosa que vem preencher uma lacuna na bibliografia cearense e chamar a a tenção para a importância no contexto social.

Apresentação do Livro – TERRAL DOS SONHOS – De Mary Pimentel
Professor Gilmar de Carvalho
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Trechos Condensados do Prefácio da 3ª Edição

Pesquisador, Jornalista e Radialista da Rádio Universitária UFC - NELSON AUGUSTO
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Terral dos Sonhos – O Cearense na Música Popular Brasileira, mapeia como objeto de estudo a música popular composta no Ceará de 1964 a 1979. Nesse período aconteceu a formação, propagação e consagração do movimento que ficou conhecido na MPB como PESSOAL DO CEARÁ, o qual agrega a geração de artistas cearenses (músicos, cantores e letristas) que, a partir da década de 70, começa a ingressar no cenário musical brasileiro.
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Dessa geração de compositores que foram tentar a sorte na cidade grande, os que obtiveram maior destaque nacional foram Belchior, Fagner e Ednardo. A origem do nome do grupo se deve ao LP Ednardo e o Pessoal do Ceará, que tem como subtítulo “Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem”, lançado em 1972 , pelos cantores/compositores Ednardo e Rodger Rogério e pela cantora Teti. Esse disco que teve produção de Walter Silva pode ser considerado um marco na incursão desses novos compositores no mercado fonográfico.

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A publicação Terral dos Sonhos é uma minuciosa pesquisa feita em acervos de jornais, revistas e livros do gênero, além de entrevistas com artistas, colecionadores e pessoas envolvidas com a cultura alencarina. Para produzir sua dissertação, Mary Pimentel também se valeu da sua condição de colaboradora do movimento musical cearense, contudo com isenção científica de socióloga. A autora integrou inicialmente o grupo de canto coral - O Canto do Aboio - e fez parte do grupo Garotas 70, chegando a participar de shows e festivais.

Mary Pimentel Aires, ao situar os personagens do tempo de Terral dos Sonhos, também foi buscar os antecessores da canção alencarina, os quais, desde 1908 inscreveram seus nomes na história da Música Popular Brasileira.
Entre eles, Ramos Cotoco, Hilda Marçal Matos, Lauro Maia, Humberto Teixeira, 4 Ases & 1 Curinga, Luis Assunção, Evaldo Gouveia e o Trio Nagô. Todos incluídos na nossa hereditariedade musical trazida do século XIX pelos precursores Alberto Nepomuceno, Branca Rangel e Juvenal Galeno e também revelada em seguida por talentos do quilate de Aleardo Freitas, Gilberto Milfont, Catulo de Paula, Carlos Barroso, Paulo Neves, Pierre Luz, Mário Alves, Moacir Ribeiro de Carvalho, Waldemar da Ressureição, Caetano Accioly, Vocalistas Tropicais, Euclides Silva Novo, Mozart Brandão, Guilherme Neto, José Auriz Barreira, Zé Menezes, Jacques Klein e Eleazar de Carvalho.

Com este livro, Mary Pimentel Aires tornou-se a precursora do estudo científico contemporâneo dos artistas da canção alencarina.

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