sábado, 30 de junho de 2007

Mercedes Sosa - cantando Gracias a la vida

Mercedes Sosa cantando - Gracias a la Vida de Violeta Parra

Gracias a la Vida
(Violeta Parra)

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros que, cuando los abro,
Perfecto distingo lo negro del blanco,
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que, en todo su ancho,
Graba noche y día grillos y canarios;
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario,
con él las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playas y desiertos, montañas y llanos,
Y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano;
Cuando miro el bueno tan lejos del malo,
Cuando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto,
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos, que es mi propio canto.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Livro Disco - Cravos na Janela

Livro-Disco enviado por Magno Cirqueira Córdova
post enviado por Aura Edições

Grata surpresa, este livro-disco - Cravos na Janela - 300 anos de canção brasileira de Mara de Aquino pela Edições da Terra.
Mara de Aquino é musicista e pesquisadora mineira, com obras publicadas em CD, shows, rádio-documentário, áudio-peças, antologia poética, jornais e revistas.
Este livro-disco é super atraente e interessante e Zeca Zines indica com entusiasmo, a gente lê e escuta e se informa.

Além do livro super bacana com textos, entrevista com Nei Lopes, desenhos, fotos e material iconográfico, artigo de Magno Córdova e letras de músicas, e vem com o cd encartado com 12 faixas e 15 músicas.
1.Não tem tradução - de Noel Rosa; 2. E o juiz apitou - de Wilson Batista e Antonio Almeida; 3. Caprichos do destino - de Pedro Caetano e Claudionor Cruz; 4. Cozinheira Granfina - de Sá Roris; 5. Cais dourado - de José Barbosa da Silva/Sinhô; 6. Aria XII Marília de Dirceu - de Tomás Antônio Gonzaga e Marcos Portugal; 7. Os me deixas que tu dás - de Domingos Caldas Barbosa; 8. O Romance de Sirino - de Domínio popular; 9. Pedra rolando - de Domínio Popular; 10. Saudação a Exu / e Café / e Oi Sila / e O Pé de Mamão / - todas de Domínio Popular; 11. Folia do Divino Espírito Santo - de Domínio Popular; 12. Xondaro'I - canto e dança das crianças Guarani.

Os arranjos e intérpretes são de alto nivel, entre os quais a própria Mara de Aquino, e Sérgio Santos, Vander Lee, Regina Spósito, Kiko Klaus, Ladston Nascimento, Ná Ozzetti, Dona Militana, Mestre Geraldo e Coco de Zambê de Cabiceiras, Marku Ribas, Titane e Pereira da Viola, Cacique Timóteo Verá Potyguá e coro de crianças guaranis.

Para informações: Edições da Terra - Rua das Dores do Indaiá, 300 sala 01 - Santa Tereza - Belo Horizonte - Cep 31.010-360 - e-mail: aquino.mara@gmail.com Tel.: 55 31 3222 3242 / 9211 9714 / 3463 4698 / 8719 9686

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Homenagem aos Mestres - Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira

Luiz Gonzaga cantando Asa Branca (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira) com entrevistas dos dois parceiros.

Fausto Nilo - cantando Você se lembra

Fausto Nilo cantando - Você se lembra (Fausto Nilo/Geraldo Azevedo/Pippo Spera)

Entre as estrelas do meu drama
Você já foi meu anjo azul
Chegamos no final feliz
Na tela prateada da ilusão
Na realidade onde está você
Em que cidade você mora
Em que paisagem em que país
Me diz em que lugar vamos viver
Você se lembra
Torrentes de paixão
Ouvir nossa canção
Sonhar em Casablanca
E se perder no labirinto
De outra história
A caravana do deserto
Atravessou meu coração
Eu fui chorando com você
Até os sete mares do sertão

domingo, 24 de junho de 2007

Ednardo - cantando Flora

Ednardo cantando Flora (Ednardo Dominguinhos Climério) no Festival Navegart -Aquiraz - Ceará 2006.

Se eu pudesse pensar em tí
Sem vontade de querer chorar
Sem pensar em querer morrer
Nem pensar em querer voltar
Essa dor que eu sinto agora
É uma dor que não tem nome
Que o meu peito devora e come
E fere e maltrata sem matar
No roçado do meu coração
Há o tempo de plantar saudades
Há o tempo de colher lembranças
Pra depois com o tempo chorar
Flora meu sertão florido
Aflora meu peito só
Teu amor é o fogo, é o fogo, é o fogo
É o fogo dos teus olhos tição

O que faltar a gente inventa


Artigo de Ednardo publicado no Jornal O Povo, 24 Junho 2007. Caderno Vida & Arte, pag. 08
http://www.opovo.com.br/opovo/vidaearte/706151.html


Partindo do Mito de Hefesto, o cantor e compositor Ednardo
constrói uma breve reflexão sobre a psique cearense para além da rejeição.

Não resta dúvida que "mitos" são importantes para entendermos dinâmicas da psique humana e a alma desta forma.
Hefesto - Vulcano - personifica deus, arquétipo e indivíduo, habilidoso, que por seu aspecto considerado repulsivo, não era valorizado no reino de Zeus - onde poder e a aparência eram valores importantes.
Rejeitado e expulso por sua mãe Hera, dedica-se à arte da Forja das Almas, "o fogo vulcânico", é adorado por seres humanos por seus poderes de controle da força destrutiva dos vulcões, além do uso do fogo para criar objetos úteis.

Personifica ânsia humana profunda, mesmo sendo desvalorizado e rejeitado, é capaz de criar objetos funcionais e belos.
Simboliza gênio criativo que concretiza obras, mesmo sentindo-se sem atrativos supera e desenvolve brilhantes criações artísticas, científicas, manuais e filosóficas.

Interessante abordagem do Gilmar de Carvalho, pinçando obras de José de Alencar – Iracema e As Minas de Prata - aliás, muitas obras de Alencar e outros autores, abordam a psique cearense. A índia rejeitada pelo branco europeu gera Moacir, o filho da dor.
O interesse do europeu predatório em colonizar o Ceará se aqui tivessem riquezas, torna-se posterior abandono ao constatar a aridez e dificuldades da região, independente do mal escolhido "donatário".

Penso que não fica por conta desta "herança", nossas habilidades ou equívocos ou a baixa auto-estima de um "povo abandonado" pelo primeiro mandatário. A maneira de ser de nosso povo, não se adequa a este desígnio, como se todos tivessem que cumprir o lado negativo da herança. O mito se realizaria de forma negativa, quando não é esta a realidade geral e nossa maneira de ser.

Podemos sim, ver o mundo através de nossa aldeia, e podemos também ver nossa aldeia na ótica ampla onde ela está associada.
Pinçando exemplos também vitoriosos e positivos que acontecem aqui. Hoje podemos expandir percepções de ver o mundo, descobrindo coisas esquisitas acontecendo ao longo dos tempos à nossa revelia, muitas por não estarmos presentes, estamos falando de séculos, outras com o consentimento tácito em nosso tempo e presença, por não saber como combatê-las, e outras por não interesse em questioná-las, ou até concordarmos ou aceitarmos de bicos calados.

Não sei se o sentimento, prazer/sofrimento é formador da ânima do povo cearense, tipo - "Rejeitamos o que somos, porque fomos rejeitados".

Falando especificamente de minha área - Artistas saem de sua origem na busca de outras paragens porque queremos o mundo. Se fosse falta afetiva, todos artistas seriam carentes. No Brasil, maior parte dos artistas saem do lugar de origem em busca do centro emissor.

Do Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Pará, etc., todos nós, até os do Rio de Janeiro e São Paulo, buscam o exterior, o mundo todo. Não diferente de outros locais, Beatles saíram de Liverpool para Londres e EUA e Mundo.

Interessante quando Gilmar de Carvalho lança foco de luz sobre o humor cearense como forma de entender via mídia a existência de um povo feliz.

Vi ilustre representante da atual safra, em mídia nacional, dizer - "Ô povo feio" - referindo-se aos cearenses sendo ele um dos próprios. Coisa autodepreciativa, para fazer graça.

Gilmar sabe pinçar com exatidão determinado viés comportamental de nosso povo entre eles o do ufanismo às avessas - Jaguaribe é o maior rio "seco" do mundo... Poderíamos citar outros... É um glossário extenso, mas no frigir dos ovos não há mal nisso, depois que a pequena Rádio de Pernambuco na década de 40 institui o slogan "Pernambuco falando para o Mundo"... Quando um povo sonha alto quase beirando a megalomania, é porque está querendo mais do que é oferecido às suas capacidades.

Podemos partir de leitura sociológica mais ampla desde as tribos indígenas habitantes dos litorais, serras e sertões, aos colonizadores, portugueses, franceses, holandeses, espanhóis, a vinda da civilização negra para esta região, as estratificações e importâncias no processo da civilização cearense para daí chegarmos na formatação identitária básica, e depois partirmos para outras influências que foram permeabilizando nosso povo, por exemplo, a presença ostensiva dos americanos do norte durante a segunda guerra mundial, etc, até chegarmos aos dias atuais onde é inegável que estamos sendo permeabilizados de novo por outros tipos de culturas e costumes.

É arriscado tentar fazer análise psicanalítica de um povo, seria quase que um horóscopo de jornal que serve a todos do mesmo signo. Melhor pensarmos que somos um povo multi-cultural-racial-comportamental-criativo, e o que faltar a gente inventa.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Festival Rock Cordel e Nomes do Nordeste

Algumas cenas do 1º Festival Rock Cordel e Nomes do Nordeste em Fortaleza Ceará e Juazeiro do Norte - Cariri - que rolou entre 03 a 31 de Janeiro de 2007. Estão presentes nest clip amostragem fornecida pelo Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil, vários artistas: Ednardo, Cidadão Instigado, (Fernando Catatau), Banda Obscure, Mimi Rocha, Maracatu Vigna Vulgaris, Banda Na Cacunda, Banda Night Life, Banda Dr. Raiz, entre muitos outros artistas e bandas que se apresentaram para um público de mais de 30 mil pessoas durante os eventos, com abrangente diversidade de estilos.

Foram 86 bandas num total de 108 apresentações musicais, incluindo exibição de vídeos e clips, debates sobre produção musical alternativa, entrevistas musicais aberta ao público, entre as quais a de Ednardo acompanhado por sua banda, cujo DVD será lançado ao público entre agosto e setembro de 2007, pelo Centro Cultural BNB em todas as TVs Culturais e Educativas do Brasil.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Climério Ferreira





Post enviado por Aura Edições Musicais
(do Site de Climério Ferreira) - http://climerioferreira.sites.uol.com.br/
por Antonio Celso Duarte - Piracicaba,SP, 24.02.2007

O começo de tudo para nós estava ali. Na melhor cidade do interior paulista, que nos cativava e abrigava os amigos e futuros parceiros. Era em São José dos Campos, terra de Cassiano. Foi o próprio Cassiano Ricardo, em pessoa, homenageado por nós, então estudantes de Arquitetura, com uma apresentação áudio-visual de sua obra poética, na antiga Sala Veloso, que viria a ser palco de muitas das nossas apresentações.
Foi o nosso primeiro vínculo poético. No início dos anos 70, eu estudava arquitetura na FAU São José dos Campos e Climério Ferreira, já formado trabalhava no INPE, produzindo os primeiros programas educativos da TV brasileira.
Dos nossos primeiros contatos, tanto no Caneco, um restaurante na praça central, como nos bares espalhados de frente para o verde do Banhado, até encontrarmos nosso ponto ideal – O bar do Pedro, celebrizado nos poemas do Climério, quando surgiram nossas primeiras composições.
Foi assim até inventarmos nossa Casa Amarela, uma república de estudantes, que atraiu poetas, compositores, onde nasceram nossas parcerias começando por “Mantenha a Distância, São Piauí, Boa Nova, Pé de Pau”, entre tantas outras.
Ali encontrávamos nos finais de noite com Passoca, Carlão de Souza com os quais eu comporia o grupo Flying Banana. Evelise Fernandes com seu violão fazia parte das nossa noites de música e também das nossas primeiras apresentações.
Ednardo, já conhecido pelo grande público, junto ao Pessoal do Ceará com Roger e Tetty., Amigo do Climério, também passava por lá Zeca da Bahia, o seu irmão Clodo, Belchior, Marcus Vinícius, Augusto Pontes e também o poeta Jotabê Campanholi.
Nesse ambiente de pura criatividade e amizades sinceras foram criadas muitas composições depois incluídas nos discos Flying Banana e São Piauí, gravados em 1975 e 1976.

Vem comigo menina...vem pra São Piauí!

Juntos partimos de uma premissa – unir música, poesia e sentimento através das raízes e de nossa origem. Eu, vindo do interior de São Paulo, das cidades de Capivari e Piracicaba, cultivando a autêntica música caipira. Enquanto Climério, nascido em Angical do Piauí e crescendo na região central do país, trazia em seu bornal um rico conteúdo da autêntica música do norte. Juntamos nosso folclore “nossos trapos, nossos planos”. Climério escreveu a letra de São Piauí e compus a melodia.

Na época eu alternava minhas horas de estudo na FAU, com a produção de shows, trazendo os novos da MPB para apresentações em São José dos Campos. Sendo assim, convidamos Ednardo para o primeira de uma série de apresentações que ali aconteceriam. Vi Ednardo pela primeira vez em São Paulo durante a gravação do programa Mixturação, como integrante do Pessoal do Ceará com Roger e Tetty. Depois recebemos em nossa "casa amarela" como um amigo sincero e um compositor e compositor de raro talento e criatividade. Era um pós-tropicalista autêntico, autor de lindas músicas - um inovador. Na época já se preparava para uma carreira solo e estava gravando o seu primeiro LP solo - Pavão Misterioso. Música que logo se tornaria sucesso nacional como tema de abertura da novela Saramandaia na Globo.

Ednardo ouviu as músicas de Climério e se encantou com as parcerias com os irmãos Clodo e Clésio. Ednardo também nos recebia nos seu apartamento em São Paulo, localizado no Bairro Pinheiros. Nossas idas e vindas à capital, muito próxima de São José dos Campos tornaram-se freqüentes, com grandes papos regados a vinho nas frias noites paulistanas.
Encontramos em Ednardo mais que um artista, já pronto, com discos gravados e apresentações na TV, e sim um amigo. Para Climério, até certo ponto avesso às apresentações em público e um compositor e cantor no estilo intimista, só mesmo amizade e a confiança depositada por ele na pessoa de Ednardo era importante naquele momento.
Pois foi o próprio Ednardo que o convidou para participar do programa Mambembe na TV Bandeirantes e levou os irmãos Climério, Clodo e Clésio para gravar o primeiro LP na RCA, com o nome “São Piauí” e com produção do próprio Ednardo.

Dos anos 70 até os nossos dias foram lançados muitos discos e composições gravadas por vários intérpretes e outras novas e inéditas esperando para serem divulgadas, conforme podemos conferir neste site.
Durante estes quase trinta anos não nos vimos mais. Somente em 2004 nos encontramos pela internet numa troca de textos num site de música popular brasileira. A reaproximação foi imediata bem como a volta às composições e novas parcerias.
Antonio Celso Duarte, (Bê) - é arquiteto, ex-integrante do grupo Flying Banana,
um dos parceiros de Climério e autor das páginas do site de Climério.



sábado, 16 de junho de 2007

Rock-Cordel







Pense num Festival Legal! Com 86 Atrações e Bandas, 600 músicos, 120 horas de Show, Debates; Mostras de Vídeos; Entrevista aberta ao público com participação de vários jornalistas e produtores de shows, pessoas ligadas a literatura, poesia, cinema, vídeo e a participação especial de Ednardo, para gravação de um DVD.
Isso aconteceu entre 3 e 31 de Janeiro de 2007 em Fortaleza e na região do Carirí - Ceará.
Com um público estimado em 30.000 pessoas.
Entre Artistas e Bandas - Ednardo, Cidadão Instigado, Edgard Scandurra, Beto Brito, Alegoria da Carverna, Banda Dona Zefinha, Maracatú Vigna Vulgaris, Zabumbeiros Cariri, Dr. Raiz, Água de Quartinha, Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos, Calé Alencar, Iris Sativa, Mimi Rocha, Soul Nego, não dá pra ler tudo no cartão de apresentação, de letras miúdas, mas dá pra saber e sentir que tem muita gente se apresentando e mais gente ainda assistindo e participando, misturando tudo, embolado & embolada, rock, blues, música popular brasileira, xote, cantoria, frevo, maracatu, baião, conversas, cordel, vídeos, debates, versos e letras, e muito mais... enfim tudo dizendo a todos nós com urgência explícita - Temos que nos olhar uns aos outros.

Uma parte deste resultado está pra ser apresentado ao público de todo o Brasil, no programa Nomes do Nordeste que será veiculado pelo Centro Cultural BNB para todas mídias de TVs Culturais e Educativas, e TVs Públicas, de Assembléias e Senado, etc. e todos que queiram retransmitir nos centros, cidades e cantos do país, entre os meses de agosto e setembro de 2007.
Alguma coisa maior aconteceu quando Ednardo e sua Banda apresentaram-se no dia 30 de janeiro de 2007, no projeto Nomes do Nordeste, incluído de forma especial no 1º Festival de Rock-Cordel, também promovido pelo CCBNB, seria simples entrevista aberta ao público e convidados, mas os organizadores foram sentindo, pela receptividade pública e procura de ingressos, que o auditório do Centro Cultural do Banco do Nordeste seria pequeno para o público esperado e foram preparando outros espaços no próprio centro cultural, reservando o grande saguão do térreo e as diversas salas do primeiro e segundo andar, além do auditório, disponibilizando telões para que todos pudessem assistir e participar do evento.
A boa surpresa, todos espaços ficaram lotados e um público imenso, sequer conseguiu entrar nas dependências do centro cultural.
Jornalistas presentes relatam o fato.
"Teatro e auditórios lotados até a tampa, Ednardo mostrou disposição desde o começo. Depois de umas duas horas e meia, os espectadores sairiam convictos de que o fortalezense continua muito ligado à cidade".
Diário do Nordeste - Caderno 3 - Henrique Nunes. (01/02/2007) - Matéria: De Bach à Brandão.
"Ednardo recebeu muita gente a fim de ouvi-lo. Do térreo ao segundo andar do CCBN, quem não conseguiu entrar no auditório, lotado, ficou pelos telões espalhados. Para o "Nomes do Nordeste", o compositor gravou a conversa e um pocket show em DVD. O papo subverteu a ordem do que se entende por uma entrevista comum".
Jornal O Povo - Caderno Vida & Arte - Felipe Gurgel. (30/01/2007) -Matéria: O Verbo e o Berro.
A Jornalista Natália Paiva registra na entrevista com Ednardo, p/ Jornal O Povo, publicada em 30/01/2007.
Ele ia pela Serra da Ibiapaba, numa feirinha na cidade de São Benedito.
"Aí, eu vi um cara que tinha um rádio grande e uma viola de corda de aço. Ele conseguiu botar captadores na viola, puxar fiozinhos, eletrificar, plugar no radiozinho de pilha e botar um microfone.
Eu disse: 'Bicho, se o John Lennon tivesse nascido aqui no Ceará, esse cara seria ele'.
Letras maravilhosas, de uma perspicácia e acuidade mental. E o ritmo, ele fazia uma mistura entre essa coisa dos violeiros com esse tal de rock.
Aí que eu falei: 'Isso aqui é o rock e o cordel juntos'".
Nada melhor para espantar o tédio e nomear um festival de música nordestina que se pretende plural. Foi de onde veio o nome do I Festival BNB do Rock-cordel, que agitou a cidade de Fortaleza no mês de janeiro.
Hoje à noite, às 19h, na sede do Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza, o cantor e compositor de Rockcordel, José Ednardo Soares Costa Sousa, concede entrevista aberta ao público e pocket-show. Eis o fecho do festival, por onde passaram mais de 80 atrações musicais e mais de 28 mil espectadores.
Em Ednardo, as costuras artísticas são tão bem-trabalhadas quanto as rendas de bilros na capa de Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem - Pessoal Do Ceará (1973). O primeiro álbum, gravado ao lado de Téti e Rodger Rogério, já trouxe as maravilhas de Terral, Ingazeiras, Beira-Mar. Fortaleza despontava como personagem de suas canções, as dunas, a Volta da Jurema, o Farol Novo e o Velho e a Beira-Mar se enchiam de afetividade.
Em seguida ao coletivo, a batida, o triângulo de ferro e a urgência das guitarras de Pavão Mysteriozo, álbum (1974), que lhe aumentou projeção nacional em 1976.
Mais, além do hit: as fabulosas Carneiro, Avião de Papel, Ausência. Daí, vieram mais de 15 álbuns.
Dentre eles, destaque para Berro ("Do boi só se perde o berro/ Justamente o que eu vim apresentar", de 1976), Ednardo (Manga Rosa, Enquanto Engoma a Calça, Desconcerta-te, de 1979) e Terra da Luz (Labirinto, Baião de Dois, Ser e Estar, de 1982).
Da obra de Ednardo, um projeto: a multiplicidade da cultura popular cearense - em seus folhetos, maracatus, triângulos e inventividades - sempre reinventada a partir de códigos urbanos, é atualizada a partir de influências musicais e artísticas.
Essa teia começou a ser costurada ainda menino, assistindo maracatus e aprendendo piano na casa da avenida Senador Pompeu. Ednardo só podia ter nascido ali, na rua que se inicia na beira da praia, atravessa em linha reta a cidade, transforma-se em estrada e corre o interior do Ceará.
São os sonhos e sons de Ednardo em ladeiras, varando cancelas, abrindo porteiras, querendo o mundo.
A partir de lembranças de infância, Ednardo foi vendo quão próximas às cantorias cearenses da "coisa do rock" e do rap.
Ele navega, sim, nesse rio largo que não cansa de correr. Ednardo esbanja coerência artística como poucos, na integridade musical que lhe orienta nesses anos de carreira.
Para ler matérias na íntegra, acesse matérias jornalísticas na página http://www.ednardo.com.br/

Jornalismo Cultural

Post enviado por Aura Edições Musicais
Artigo publicado no Jornal O Povo - Fortaleza / Ceará - 12/06/2007
Coluna – Periférica - Por Eleuda de Carvalho

Jornalismo cultural é um drible, uma encruzilhada. O drible deve ser no óbvio, na mesmice, na ubíqua indústria cultural – mixadora de alhos e bugalhos.
A encruzilhada é a seguinte: como penetrar no tecido macro da cultura com a linha fina e singular da subjetividade.
No meio do caminho, muitas pedras: o que o dono da empresa quer, o que o editor acredita que seja, o que você, meu caro jornalista, vai ter que aprender meio na marra. Errando e acertando.

Porque é preciso dar pesos e medidas diferentes às muitas coisas deste balaio sem fundo dito Cultura. Porque ela é tudo o que nos envolve, penetra a super e a micro-estrutura.
Está no modo de falar uma palavra e no jeito de rezar. De comer. De jogar bola. De pensar. E há que pensar o global e o local e dar-lhes novos significados. É preciso, como diz uma velha canção, estar atento e forte. Jornalismo cultural tem que ter um jeito de corpo, tem que ter calor e suor: não pode ser feito entre as quatro paredes refrigeradas de uma redação e diante da tela do computador.

Há que sair às ruas, sentir “a alma encantadora das ruas”. É preciso ler, sim. Dicionários, enciclopédias, revistas, jornais, livros e cordéis. Palavras nos muros. É preciso ouvir. Velhos e novos, urbanos e matutos: todos fazemos cultura. Mas o que vejo: a cobertura, tímida e precária, dos eventos. Jornalismo cultural como jornalismo de eventos – meu bem, isto não basta, isto é tão pouco.
É preciso: não ter vergonha da própria ignorância – aliás, aí reside uma boa dose de sabedoria. Pergunte, inquira, apure o ouvido. Preste atenção. Mas não esqueça o que disse o velho antropófago Oswald de Andrade (inspirado na fala anônima do povo): a alegria é a prova dos nove. Seguinte: juntar ética com estética. E estamos conversados.

Eleuda de Carvalho Jornalista, mestre em Letras pela UFC

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Uma Viagem ao nosso Interior

Post enviado por Aura Edições Musicais
Artigo publicado no Jornal O Povo - Fortaleza / Ceará - 03/12/2005
Por Gilmar de Carvalho

Duvido que alguém deseje ser pai ou mãe dessa "idéia" da interiorização da cultura. Preconceituosa, ela parte da premissa equivocada que contrapõe o campo à cidade, o centro à periferia, como, em outros tempos, opôs a natureza à cultura.
Quem tem olhos para ver sabe que Fortaleza é uma grande cidade sertaneja. Levas e levas de retirantes aqui buscaram pouso.
As secas foram um fator determinante do inchaço que muitos chamam de crescimento.
Somos um grande acampamento e para chegarmos à condição de cidade ainda falta muito. Não nos iludamos com edifícios revestidos de granito (tapumes das favelas); "shoppings" (versões climatizadas do Beco da Poeira); vias expressas que não são vias, tampouco expressas; viadutos sem alça e culto à personalidade em praças públicas.
Esta cidade é uma ficção. Os sertanejos, tangidos pelas secas de 1932, 1942, 1958, pelo período de 1979 a 1983 trouxeram seus valores, suas visões de mundo, suas expectativas e seus sonhos. Deixaram sítios, fazendas e pequenas cidades pela ilusão da metrópole e a maioria terminou favelizada, ainda mais excluída, e com muitos de seus valores (inclusive éticos) esgarçados pelas tensões, pela violência (simbólica ou não) e pela perda de referenciais sem ter tempo nem condições para a elaboração de outros.

Não tivemos sensibilidade para ouvi-los, não soubemos respeitar o que eles trouxeram na bagagem, imediatamente tratamos de substituir folguedos, relatos e festas pelas "bugingangas" que pressupomos índices civilizatórios.
Parte das mazelas de Fortaleza vem daí. Não dos que chegaram em busca da construção de um projeto de vida, mas do que estavam aqui e não souberam recebê-los.
Acreditar que os problemas da cidade surgiram ou se agravaram por conta dos retirantes seria insistir numa leitura conservadora, fascistóide e excludente da possibilidade de se circular dentro do próprio país do qual se faz parte.

Mais ou menos a mesma coisa que fazem quando nos chamam, depreciativamente, de paraíbas na "cidade maravilhosa" ou de baianos na desvairada paulicéia. Mas o que é que tem a ver a cultura com tudo isso?
Uma pessoa minimamente informada tem consciência do abandono (ou desprezo) a que relegamos o interior do Estado, num culto à civilização que se volta para o mar.
Ora cultura é tudo: não tem começo nem fim, avesso e direito (como as antigas capas de chuva), erudito e popular, urbano e rural, pop ou folk.
Chega de dualismos que se perderam nas quermesses com seus partidos azuis e encarnados. O mundo em que vivemos é complexo demais para filosofia de botequim. Vale insistir na desmontagem do conceito equivocado de cultura com que trabalha o senso comum. Não vale considerar como cultura "as manifestações elevadas do espírito".
Chega de cultura de almanaque. Vale pensar a cultura além do espírito diletante, como a superação de clichês, longe de ser o adorno de uma comunidade. Melhor compreender a cultura como esse "angu", a liga que dá a consistência a uma sociedade, o tal sentimento de "pertença".

Assim sendo, não existem fronteiras e da mesma forma que não existe cultura "autêntica", "genuína" ou de "raiz", como querem alguns, não se pode impedir que se usem palavras estrangeiras como querem Aldo Rebelo, autor de um projeto de lei neste sentido ou Ariano Suassuna, com seu armorial que veio da Provença, da península ibérica e dos mouros & judeus.

Estrangeirismos antigos valem? E quem contesta que "rap" e repente tenham a mesma matriz? A cultura é circular ("circuladô de fulô"), tem sua dinâmica e não se pode falar em interiorização quando o interior é aqui.
Ou quando o interior é cosmopolita a ponto de gerar, por exemplo, os Irmãos Aniceto, talvez a mais completa tradução de nossa riqueza e diversidade culturais. Ou quando qualquer rua do centro ou da periferia de Fortaleza é mais interiorana que qualquer rua de qualquer distrito do município cearense com o pior Índice de Desenvolvimento Humano.
Falar em interiorização da cultura é admitir os guetos, é propor um "apartheid" que não se sustenta. Além de tudo, parte-se de um iluminismo às avessas. Como se nós fôssemos os faróis que vão guiar os sertanejos na conquista da informação e atualizá-los com os modismos (estéticos e tecnológicos) dos novos tempos.

Ora, o sertão está cheio de parabólicas prateadas, e fincadas ao lado de casas de taipa, nos dão a exata dimensão da superação de fronteiras. Ora, qualquer cidade do interior tem seu "cyber" café. Todo aluno de primeiro semestre de jornalismo sabe disso. Estabelecer com o interior uma via de mão-dupla seria uma proposta viável.

O sertão e os pequenos núcleos urbanos não precisam de ajuda, têm direito e a expressão dessa gente não precisa obedecer aos formatos da indústria cultural. Equivocada também é a idéia da cultura como geração de empregos (cultura é vida) e a omissão do Estado de suas atribuições, tentando resolver tudo com renúncia fiscal e falsos mecenatos, quando deveria incluir os investimento nesse campo como um percentual do orçamento. Isso não se faz, mas gastar com propaganda, aí é outra história...

Gilmar de Carvalho é professor do Curso de Comunicação Social da UFC.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Serenata pra Brazilha

Serenata pra Brazilha – Ednardo

É uma ilha solitária, mil sotaques
Uma trilha que descobre uma babel
Encruzilhadas de destinos
Super-homens, superquadras – multisolidão
Presente em teu futuro
Teus meninos tuas meninas
Tuas asas navegar, sei que é preciso
Alguns trazem de ti, flor do cerrado
Eu sempre que te vejo planto roçados
É que quando me visitas realizo, trazer-te sempre-viva
Cidade avião, vôo rasante, aeroplanta do altiplano do chão
Cidade planeta, desaguar de viajantes
Espaçoporto, cosmovisão
Quase que descubro a todo instante
Um lugar, uma semelhança à minha terra
Uma coisa indefinida, uma quimera
E penso ver no rosto de algum novo habitante
A imagem, próxima e distante, de minha primeira namorada

...
Disco – Ednardo – Imã - 1980
...

Post Enviado por Francisco Rogério
Citando: Fátima Irene Pinto

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa Alma.

By Fátima Irene Pinto, escritora e poeta de São Paulo

Post que incluí porque faz parte

Oceano – Djavan
(trechos)

Assim que o dia amanheceu lá no mar alto da paixão
Dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão
Esquecera de mim?
Enfim, de tudo que há na terra, não há nada em lugar nenhum
Que vá crescer sem você chegar, longe de ti tudo parou
... ...
Amar é um deserto e seus temores
Vida que vai na sela destas dores, não sabe voltar
Me dá teu calor, vem me fazer feliz porque eu te amo
Você deságua em mim e eu oceano
E esqueço que amar é quase uma dor
Só sei viver se for por você

By Djavan Caetano Viana

sábado, 9 de junho de 2007

Labirinto

Labirinto - Ednardo
(trecho)

A roda que gira o mundo
Me joga no caminhar
Mas esse mundo é redondo
Indo por lá chego cá
Eu sei que a vida responde
A amplidão do cantar
É que essa renda tem luz
É o labirinto que faz
A gente se encontrar

Princípio e o sim de tudo
Que pra falar deixa mudo
O ontem e o amanhã
O amor não é uma palavra
Não é a posse do ser
É uma casa encantada
De dentro é que da pra ver
Por mais que a areia esconda
A linha do vento tece
Fazendo aparecer
... ... ...
Disco Ednardo - Terra da Luz