ALFA BETA AÇÃO
EDNARDO
Aquele mestre ensina justamente aquilo
Que não me interessa saber
Esquece de dizer - meninos nossa sina é saber viver
Impõe, implora, impera e vocifera
É que ele tem a vara de condão
Da educação, da conformação, da transformação, a revolução
É que são tantos verbos de persuadir
De sujeitar o sujeito a não existir
É que são tantos objetos indiretos
Condicionais do porvir
Na hora do recreio
Vamos todos soletrar bê-a-bá, bê-ipsilon - Baby
Luz del Fuego, marginal canção de amor, grito primal
Namorar por trás do muro do vestibular
Cruzar palavras, mocidade, inventos
No passo da ema, a volta da jurema, peneiro ê, iê, iê
Erguer a cabeça fora do pânico total
Telegrafar aos amigos da geral - PT saudações
É bom que você não se torne um marionete falante
De sexo, grafite e poesia
Política, som atuante, meditação, anarquia
Com a mesma filosofia de quem acha a vida pronta
No fim do novo ABC há o clarão da Bomba Z
Estrela e lua crescente, quero navegar inteiramente
Pela tua geografia escrever colorido
A palavra proibida
Vida, vida, vida, vida, vida
Vida, vida, vida, vida
Vida, vida, vida,
________________________
Análise de Duda Matta Silveira
Salvador / Bahia
(copia de post na comunidade orkut de Ednardo http://www.orkut.com/CommTopics.aspx?cmm=128653 )
Alfa Beta Ação... acho essa uma das mais sensacionais canções do inigualável Ednardo.
Sua letra é de uma profundidade e alcance abissais. Acho que ela vai muito além de ser "apenas" uma crítica ao ensino em salas de aula.
Na verdade, acho que ele critica a forma acadêmica de ver o mundo, critica também os valores passados e ensinados por todos os meios de informação e formação dos seres humanos, englobados aí professores, políticos, jornalistas, escritores, etc.
Claro que ele usa a metáfora da escola para passar sua mensagem, mas vejam que a música começa e termina com a exaltação da "palavra proibida": VIDA.
É a exaltação da escola da vida e da própria vida como a lição que realmente importa. Viver bem, ser feliz e livre. Viver, experimentar, sentir.
A letra também pode ser vista como um hino à liberdade e uma rebeldia contra as amarras e os conceitos dos regimes militares da época, utilizando a metáfora do ensino para tanto. Vejam o que ele fala do "velho mestre":
"Impõe, implora, impera e vocifera
É que ele tem a vara de condão
Da transformação, da conformação, da educação, da revolução
É que são tantos verbos de persuadir
De sujeitar o sujeito a não existir
É que são tantos objetos indiretos
Condicionais do porvir"
Quem é que tem a vara de condão da transformação, da conformação, da revolução e que busca persuadir e sujeitar as pessoas a não existirem? E quem condiciona o futuro (porvir)?
Sim, o Governo, as instituições públicas e a mídia. E tb a educação.
Depois, ele conclama todos a soltarem seu grito primal na hora do recreio (no intervalo da lavagem cerebral) e colocarem a cabeça para fora do lamaçal. Ousarem, inventarem, deixarem de ser marionetes falantes.
Assim, ele cria uma metáfora absurdamente genial da educação num sentido muito mais amplo de liberdade, senso crítico, romper padrões pré-estabelecidos. E termina usando a geografia para escrever a vida a cores.
É linda de chorar.
Um comentário:
o que eu estava procurando, obrigado
Postar um comentário