Post enviado por Aura Edições Musicais
Artigo publicado no Jornal O Povo - Fortaleza / Ceará - 12/06/2007
Coluna – Periférica - Por Eleuda de Carvalho
Jornalismo cultural é um drible, uma encruzilhada. O drible deve ser no óbvio, na mesmice, na ubíqua indústria cultural – mixadora de alhos e bugalhos.
A encruzilhada é a seguinte: como penetrar no tecido macro da cultura com a linha fina e singular da subjetividade.
No meio do caminho, muitas pedras: o que o dono da empresa quer, o que o editor acredita que seja, o que você, meu caro jornalista, vai ter que aprender meio na marra. Errando e acertando.
Porque é preciso dar pesos e medidas diferentes às muitas coisas deste balaio sem fundo dito Cultura. Porque ela é tudo o que nos envolve, penetra a super e a micro-estrutura.
Está no modo de falar uma palavra e no jeito de rezar. De comer. De jogar bola. De pensar. E há que pensar o global e o local e dar-lhes novos significados. É preciso, como diz uma velha canção, estar atento e forte. Jornalismo cultural tem que ter um jeito de corpo, tem que ter calor e suor: não pode ser feito entre as quatro paredes refrigeradas de uma redação e diante da tela do computador.
Há que sair às ruas, sentir “a alma encantadora das ruas”. É preciso ler, sim. Dicionários, enciclopédias, revistas, jornais, livros e cordéis. Palavras nos muros. É preciso ouvir. Velhos e novos, urbanos e matutos: todos fazemos cultura. Mas o que vejo: a cobertura, tímida e precária, dos eventos. Jornalismo cultural como jornalismo de eventos – meu bem, isto não basta, isto é tão pouco.
É preciso: não ter vergonha da própria ignorância – aliás, aí reside uma boa dose de sabedoria. Pergunte, inquira, apure o ouvido. Preste atenção. Mas não esqueça o que disse o velho antropófago Oswald de Andrade (inspirado na fala anônima do povo): a alegria é a prova dos nove. Seguinte: juntar ética com estética. E estamos conversados.
Eleuda de Carvalho Jornalista, mestre em Letras pela UFC
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário