Entre Artistas e Bandas - Ednardo, Cidadão Instigado, Edgard Scandurra, Beto Brito, Alegoria da Carverna, Banda Dona Zefinha, Maracatú Vigna Vulgaris, Zabumbeiros Cariri, Dr. Raiz, Água de Quartinha, Banda Cabaçal dos Irmãos Anicetos, Calé Alencar, Iris Sativa, Mimi Rocha, Soul Nego, não dá pra ler tudo no cartão de apresentação, de letras miúdas, mas dá pra saber e sentir que tem muita gente se apresentando e mais gente ainda assistindo e participando, misturando tudo, embolado & embolada, rock, blues, música popular brasileira, xote, cantoria, frevo, maracatu, baião, conversas, cordel, vídeos, debates, versos e letras, e muito mais... enfim tudo dizendo a todos nós com urgência explícita - Temos que nos olhar uns aos outros.
Uma parte deste resultado está pra ser apresentado ao público de todo o Brasil, no programa Nomes do Nordeste que será veiculado pelo Centro Cultural BNB para todas mídias de TVs Culturais e Educativas, e TVs Públicas, de Assembléias e Senado, etc. e todos que queiram retransmitir nos centros, cidades e cantos do país, entre os meses de agosto e setembro de 2007.
Alguma coisa maior aconteceu quando Ednardo e sua Banda apresentaram-se no dia 30 de janeiro de 2007, no projeto Nomes do Nordeste, incluído de forma especial no 1º Festival de Rock-Cordel, também promovido pelo CCBNB, seria simples entrevista aberta ao público e convidados, mas os organizadores foram sentindo, pela receptividade pública e procura de ingressos, que o auditório do Centro Cultural do Banco do Nordeste seria pequeno para o público esperado e foram preparando outros espaços no próprio centro cultural, reservando o grande saguão do térreo e as diversas salas do primeiro e segundo andar, além do auditório, disponibilizando telões para que todos pudessem assistir e participar do evento.
A boa surpresa, todos espaços ficaram lotados e um público imenso, sequer conseguiu entrar nas dependências do centro cultural.
Jornalistas presentes relatam o fato.
"Teatro e auditórios lotados até a tampa, Ednardo mostrou disposição desde o começo. Depois de umas duas horas e meia, os espectadores sairiam convictos de que o fortalezense continua muito ligado à cidade".
Diário do Nordeste - Caderno 3 - Henrique Nunes. (01/02/2007) - Matéria: De Bach à Brandão.
"Ednardo recebeu muita gente a fim de ouvi-lo. Do térreo ao segundo andar do CCBN, quem não conseguiu entrar no auditório, lotado, ficou pelos telões espalhados. Para o "Nomes do Nordeste", o compositor gravou a conversa e um pocket show em DVD. O papo subverteu a ordem do que se entende por uma entrevista comum".
Jornal O Povo - Caderno Vida & Arte - Felipe Gurgel. (30/01/2007) -Matéria: O Verbo e o Berro.
A Jornalista Natália Paiva registra na entrevista com Ednardo, p/ Jornal O Povo, publicada em 30/01/2007.
Ele ia pela Serra da Ibiapaba, numa feirinha na cidade de São Benedito.
"Aí, eu vi um cara que tinha um rádio grande e uma viola de corda de aço. Ele conseguiu botar captadores na viola, puxar fiozinhos, eletrificar, plugar no radiozinho de pilha e botar um microfone.
Eu disse: 'Bicho, se o John Lennon tivesse nascido aqui no Ceará, esse cara seria ele'.
Letras maravilhosas, de uma perspicácia e acuidade mental. E o ritmo, ele fazia uma mistura entre essa coisa dos violeiros com esse tal de rock.
Aí que eu falei: 'Isso aqui é o rock e o cordel juntos'".
Nada melhor para espantar o tédio e nomear um festival de música nordestina que se pretende plural. Foi de onde veio o nome do I Festival BNB do Rock-cordel, que agitou a cidade de Fortaleza no mês de janeiro.
Hoje à noite, às 19h, na sede do Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza, o cantor e compositor de Rockcordel, José Ednardo Soares Costa Sousa, concede entrevista aberta ao público e pocket-show. Eis o fecho do festival, por onde passaram mais de 80 atrações musicais e mais de 28 mil espectadores.
Em Ednardo, as costuras artísticas são tão bem-trabalhadas quanto as rendas de bilros na capa de Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto Na Viagem - Pessoal Do Ceará (1973). O primeiro álbum, gravado ao lado de Téti e Rodger Rogério, já trouxe as maravilhas de Terral, Ingazeiras, Beira-Mar. Fortaleza despontava como personagem de suas canções, as dunas, a Volta da Jurema, o Farol Novo e o Velho e a Beira-Mar se enchiam de afetividade.
Em seguida ao coletivo, a batida, o triângulo de ferro e a urgência das guitarras de Pavão Mysteriozo, álbum (1974), que lhe aumentou projeção nacional em 1976.
Mais, além do hit: as fabulosas Carneiro, Avião de Papel, Ausência. Daí, vieram mais de 15 álbuns.
Dentre eles, destaque para Berro ("Do boi só se perde o berro/ Justamente o que eu vim apresentar", de 1976), Ednardo (Manga Rosa, Enquanto Engoma a Calça, Desconcerta-te, de 1979) e Terra da Luz (Labirinto, Baião de Dois, Ser e Estar, de 1982).
Da obra de Ednardo, um projeto: a multiplicidade da cultura popular cearense - em seus folhetos, maracatus, triângulos e inventividades - sempre reinventada a partir de códigos urbanos, é atualizada a partir de influências musicais e artísticas.
Essa teia começou a ser costurada ainda menino, assistindo maracatus e aprendendo piano na casa da avenida Senador Pompeu. Ednardo só podia ter nascido ali, na rua que se inicia na beira da praia, atravessa em linha reta a cidade, transforma-se em estrada e corre o interior do Ceará.
São os sonhos e sons de Ednardo em ladeiras, varando cancelas, abrindo porteiras, querendo o mundo.
A partir de lembranças de infância, Ednardo foi vendo quão próximas às cantorias cearenses da "coisa do rock" e do rap.
Ele navega, sim, nesse rio largo que não cansa de correr. Ednardo esbanja coerência artística como poucos, na integridade musical que lhe orienta nesses anos de carreira.