Receita da Felicidade
Ednardo
Ultimamente ando às vezes preocupado
Vendo a cara tão risonha das crianças
Nas fotos dos anúncios
Nos cartazes das paredes
Dando idéia que algo vai acontecer
É receita certa pra sensibilizar
Pra esconder, pra mentir ou pra vender
Veja as caras tão risonhas
Tão lindinhas, tão risonhas
Nos jornais, nas paredes, nas TVs
Eu não gosto destes dedos que me apontam
Eu não gosto destas frases que me dizem
"O futuro deles está em suas mãos..."
Pois é seu Zé, sei não...
Não me esqueço que algum dia fui risonho
Com u'a carinha bonitinha pra valer
Quem guardou o meu futuro
Quem guardou o meu futuro
Quem guardou o meu futuro - me dê
(Esta música foi feita e gravada em 1977 por Ednardo em seu disco O Azul e o Encarnado)
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A Suécia acaba de banir a publicidade na TV dirigida às crianças, com apoio de 88% da população. No Brasil nunca se fez esse tipo de pesquisa, mas acredito que, apesar de todas as diferenças culturais e econômicas existentes entre os dois paises, as respostas seriam semelhantes. Afinal não é justo impor pressões comerciais às crianças quando elas ainda não têm idade nem para diferenciar ficção da realidade.
Aqui, a situação agrava-se com a cruel distribuição de renda. Os anúncios estimulam um consumo que a maioria dos pais não pode realizar, aumentando a perversidade do problema, com tristes consequências. Como a do menino da periferia que, ao ser detido pelo segurança de um supermercado tomando um danoninho, disse estar apenas querendo saber que gosto tinha esse produto tão anunciado na televisão.
Alguns países foram além do sugerido pela Diretiva Européia.
A Alemanha proibiu a inserção de publicidade em qualquer programa infantil. Nos canais públicos italianos não pode haver propaganda em programas infantis e na França o merchandising é proibido. A recente decisão sueca é ainda mais avançada e se apóia, além da pesquisa, na constatação de que as crianças não nascem com anticorpos necessários para se defender das pressões comerciais e, por isso, têm direito à zonas protegidas.
Trecho de matéria publicado originalmente na Revista E do SESC-São Paulo/Dezembro de 2004 - Por Laurindo Leal Filho - também publicada no site Midiativa.
Para ler a matéria completa - http://www.midiativa.org.br/index.php/midiativa/content/view/full/1890
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As crianças e a mídia no Brasil
Em nosso país, as crianças apresentam uma grande exposição à mídia.
O Painel Nacional de Televisão do IBOPE indicou que as crianças brasileiras entre quatro e 11 anos passam uma média de 4h 51min 19s por dia em frente à TV, ocupando o primeiro lugar mundial em consumo de mídia televisiva, passando mais tempo assistindo TV (cerca de 33 horas semanais) do que na escola (23 horas).
Crianças de vários países passam, pelo menos, 50% mais tempo em frente à TV do que
realizando qualquer outra atividade fora da escola, incluindo estar com amigos e familiares ou realizar deveres de casa.
A criança tem-se tornado uma “consumidora”, incentivando grandes empresas a investir no desenvolvimento de produtos para esse mercado. A criança não apenas consome, mas também influencia na decisão de compra de produtos para adultos. Estima-se que 30 bilhões de reais circulem anualmente no Brasil na forma de mesada ou renda própria de crianças e adolescentes.
Personagens da televisão têm-se transformado em um grande filão econômico mundial, transformando-se em temas de festas infantis, artigos de papelaria ou guloseimas. Em países desenvolvidos, os fabricantes participam até mesmo da criação de personagens, avaliando seu potencial para se transformarem em itens de consumo. Quem financia a permanência no ar dos
programas infantis é a propaganda, e as crianças brasileiras são expostas a cerca de quatro mil comerciais por mês.
A lógica e o raciocínio são dispensáveis para persuadir as crianças por meio de comerciais.
O segredo é investir na fantasia, na mágica, na aventura, utilizando temas que versem sobre relações afetivas e familiares para vender produtos, marcas ou comportamentos. Devem-se criar conexões entre suas fantasias e o estabelecimento de hábitos de consumo de interesse dos anunciantes.
A televisão afeta comportamentos, contribuindo para a obesidade infantil, o despertar precoce da sexualidade e o aumento da violência entre as crianças e jovens.
Esses dados indicam forte presença da mídia no dia-a-dia das crianças brasileiras e um grande investimento em publicidade voltada para a criança na TV.
Pouco se sabe, contudo, sobre o impacto dos “modelos de relacionamento” da mídia nos relacionamentos reais das crianças.
(Trechos de matéria publicada na Psicologia em Revista, Belo Horizonte, jun. 2007 por Luciana Teles Moura, Agnaldo Garcia - Convivendo no intervalo: relacionamento interpessoal de crianças em comerciais de televisão voltados para o público infantil).
Para ler na integra: http://www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_ARQUI20080521171353.pdf
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