sábado, 14 de fevereiro de 2009

Maracatu Estrela Brilhante



Artigo escrito por Ednardo para o Jornal O Povo - Fortaleza - Ceará, publicado em parte condensada em 2005, e agora enviado na íntegra em 2009 pelo autor.





Zeca Zines publica com prazer esta contribuição de Ednardo sobre o Maracatu Cearense.






MARACATU ESTRELA BRILHANTE
Ednardo

Maracatu Estrela Brilhante
Maracatu o teu brilho errante
Gamela da nossa mistura
Tão linda tão mista e tão pura
Maracatu

Garra maracá já guerreiro
Batuque ferro e ganzá
A flexa cravada no céu brasileiro
Infinitamente Cantar
Cantar
Cantar
... ... ...

Uma vez, quando menino, ví o Maracatu Estrela Brilhante, e nunca mais esquecí sua energia e força, faiscante ele veio pela rua. Naquele tempo todos os Maracatús se reunião no Parque da Liberdade, também chamado Parque da Criança, no centro de Fortaleza, e percorriam a chamada "Maior Rua do Mundo", que começa na Beira da Praia e em linha reta passa pela Cidade e se transforma numa estrada e adentra o interior do Estado de todos nós.

E eu do alto dos cinco anos de idade me perguntei - Que coisa linda é esta?
E saí pela rua, entre braços e pernas dos adultos.
Eu, no estado de pessoa acompanhando o ritmo e música do Maracatu.

A visão pra mim, coisa mágica, os lampiões que abrem o desfile e que preservam o espaço sutil e perfeitamente delimitado do bloco, a ala dos indios, com suas vestimentas de penas coloridas seus Cantos Indígenas e rítmos marcados pelos maracás e estalar das cordas bramindo contra os arcos, perfeitamente entrosados com os tambores, lançando as setas imaginárias em direção ao infinito que na minha mente de criança continua a existir.

Logo a seguir os pagés, os morubixáuas, reis de nações, as índias suas companheiras fiéis, rainhas, príncipes e princesas, e tudo isto verdadeiro, e cantando, em harmonia com o canto dos negros que na ala seguinte entoam os Cantos Afros, o espaço se abre com a presença do Pagé junto ao Rei e Rainha, a corte Real, envolta em luzes de candelabros, feitos de rústicos lampiões envoltos em fino pano vermelho, e grandes abanos coloridos que sinalizam sutilmente o espaço limítrofe entre os participantes do bloco e os assistentes.

Em seguida, os Tambores, que a gente já escutava em suas repercussões, ressoando nas paredes das casas de Fortaleza à mais de trezentos metros de distância, junto as marcações do contra tempo que no Maracatú do Ceará é especial pela presença do Ferro, ( um triângulo especialmente construído para esta finalidade do repinique no grau mais amplo das tonalidades metálicas), depois mais perto o xik-xik dos Ganzás, os Tambores- Grandes e médios, as caixas, fazendo o Rá-Tá-Tá-Tá - da puxada, e logo em seguida o BOMM do Baque do Maracatu.

E depois compreendí que aquela força tinha mais de 100 Anos de Solidão, Macondo é perto de Fortaleza, do Maracatú, quem já percorreu a excelente viagem, vai entender o que estou descrevendo.

E eu estava lá, e quem é criança, como eu, continua sabendo que todas as explicações não bastam, os Reis e Rainhas são perenes em suas sutis fragilidades, e em seus Arquétipos, são bastantes fortes. A explicação de que eram a representação da Côrte Européia, com os Índios e os Negros, cada qual colocados "em seus devidos lugares", parece equívoco, diante de tantas evidências.

A alma do Maracatu, tem talvez o tempo da civilização brasileira, é fruto da vivência, da sabedoria, do sofrimento, e também da alegria e beleza da saga humana, em nossa terra.

O Maracatu, está colocado como um dos prismas de visão, em uma parte de minhas músicas sobre este tema, ritmo e identidade cultural, traduzidas para o universo artístico, em um espaço todo especial.

Especial porque o Maracatú do Ceará é único nesta forma no Brasil, suas raízes mais longínquas vêm diretamente dos arquétipos e dos arcanos culturais de nossa miscigenação.

Das terras então (naquelas eras) recém "descobertas" do Brasil, a junção com as Nações Indígenas Brasileiras, principalmente do Nordeste: Tabajaras, Tremembés, Carirís, Pitiguaras, entre muitas outras; Da África, as Nações : Nagô, Bantu, Ijexá, Congo, e também muitas outras; Dos Europeus em suas diversas Nações, castas e extratificações sócio-culturais, Portugueses, Franceses, Espanhóis, Holandeses.

O Conceito Ritual da Civilização dos habitantes desta Terra, (chamados de índios, equívoco do cálculo dos navegadores, quando ainda se pensava que o Brasil era a Índia ou uma Ilha), incluia o respeito pelo encontro entre as raças dos povos que aquí aportavam.

Ao se encontrar com a consciência do povo africano, sequestrado como escravos pelos europeus, (e também vendidos aos brancos pelos próprios africanos em guerras tribais), fez aflorar a consciência deste povo refém, em suas purezas e custumes, o Reino daquí, ainda não tinha a informação do que havia acontecido nos Reinos vizinhos das Civilizações Maia e Azteca, entre outras.

MARACATU AZ DE ESPADA

Existem registros nos escritos originais de Hans Staden e Jean de Lery - NAVIGATIO IN BRASILIAM AMERICÆ, e VIAGEM À TERRA DO BRASIL que relata o tráfico de selvagens brasileiros em navios franceses, para serem vendidos como escravos aos Mouros brancos da Barbaria, como também faziam os navios portugueses com o aval do Rei de Portugal para este tipo de tráfico.

Também existem registros da contra partida onde as Nações ao Sul do Brasil praticavam a antropofagia- aquí incluída num contexto de guerra e vigança, com seus rituais de comer a carne do inimigo para ganhar suas forças:

- "Ndê t'mberaba shermiurama mae amboe" (A tí sucedam todas as desgraças, minha comida)
- "De kange yuca cypota kurine" (Eu quero ainda hoje cortar a tua cabeça)
- "Che y anama pepike ki chaicu" (Para vingar a morte dos meus amigos, estou aquí)
- "Yande sso che mocken sera quora ossorime rire (Tua carne será hoje, antes que o sol entre, o meu assado).

Com gritos de guerra bradavam os índios, e se prisioneiros fossem feitos, continuavam o ritual, onde "aquele que deve matar", pega a clava e diz - "Aqui estou, quero te matar, porque os teus também mataram a muitos dos meus amigos, devorando-os" e segundo o relato o outro, responde: - "Depois de morto, tenho ainda muitos amigos que me vingarão"

Tudo isso regado pela bebida feita pelas virgens da tribo ao mastigarem a raiz da maniva (mandioca), após fervida, que em contato com a saliva humana gera a fermentação - depositada em um pote e após o tempo de curagem e diluição com água é bebida por todos os que vão comer a carne do inimigo.

Nota - Esta versão parece ser a visão européia da época sobre os conflitos gerais ocasionados pelo estado guerreiro então estabelecido entre as partes, levando em conta os ânimos daqueles momentos, lembra também um pouco a sintomática justificativa para o extermínio dos contrários, a inquisição queimava bruxas, as cruzadas matavam os infiéis, as virgens, seus antecedentes e ascendentes, talvez tivessem o mesmo destino comum, de serem em seguida, também devorados pela vingança futura.

CAUIM
Ednardo

Rainha Preta do Maracatu
Nesse teu rosto de falso negrume
Morre de gozo da renda do sol
Na renda feita pelos bilros d'água
Desse véu de noiva Bica do Ipú

E eu um índio pronto para as flexas
Dos arcos tesos de uma caçada incerta
Monto no sopro do Aracatí
Tonto de espanto de amor e cauim
Sou nau sem rumo
Em teu ardor imerso
... ... ...

Depois vem a síndrome do conquistador se sentir exilado de sua terra natal, após território ocupado, ter que continuar residindo e resistindo em território alheio, o que também significa estabelecer vínculos integral com tudo, natureza, nativos, escravos, povo, Reis e Rainhas depostos, e com seus próprios propósitos de conquista.

Nesta nova ordem estabelecida em uma terra, que inicialmente seria o paraíso terrestre e que a partir de então mostra o seu lado selvagem, o Enigma se estabelece e esta Terra, somente será de todos, após a decifração: A Junção das Raças e as distribuição das riquezas entre as mesmas, conforme seus trabalhos.

13 DE MAIO - Libertação de Que?

Ou então coberta pelo manto de uma realeza equivocada que aquí se instalava, junto aos povos viajantes, em suas naves de madeira, (a tecnologia de ponta daquela época), e no caldeirão explosivo da carga humana dos escravos, (indios, negros e brancos), alijados de suas próprias realezas, esta Terra seria o eterno campo de batalhas inglórias, sem vencedor ou vencido, ou guardaria em suas entranhas o absurdo de se viver em meio a fartura e não se ter comida, viver em terras de dimensões continentais e não se ter espaço e liberdade para ver os filhos crescerem, e onde as árvores não dariam sombras nem frutos, os caminhos utilizados para levar nada à muitos e tudo à poucos, e as mãos que construíssem as habitações e fortificações do invasor, não tivessem como abrir a porta de sua própria morada, pois estariam ocupadas sempre em produzir riquezas e garimpar o ouro, para o pagamento da conta da empreitada da conquista de novas terras, irônica e cruel realidade dos escravos de então.

Como se a força dos elementos da natureza tivessem mudado das mãos do Superior e a Luz não mais banhasse as Almas.

É do conhecimento de todos, por maior que seja a maquiagem histórica, o "desconhecimento" que até os tempos de agora nos empurram como fatos oficiais nos bancos das escolas, que Nações Inteiras com seus "Reis, Rainhas e Povos", ao longo deste tempo, foram manietados e subjugados pelas forças das armas, da grana, do poderio da tecnologia. Dizem os sábios que: quem não aprende com o passado, muitas vezes se vê colocado em situações idênticas no presente ou futuro.

Assim, todos vieram, e chegaram com seus custumes, religiões, leis, e as extratificações de sociedade, dividindo os povos, às custas das "pacificações" que na verdade eram genocídios. Não houve o convite para uma participação harmônica, cada qual, com suas sabedorias e civilizações da inauguração de uma nova casa, a América (do Norte e/ou do Sul).

O extermínio de indios e negros não é somente filme de faroeste e de tarzan, onde o epicentro da ação, está em épocas passadas no cenário do oeste norte americano, ou das savanas africanas, isto sem esquecer as indias orientais, ocidentais e acidentais, onde todos os mocinhos, matavam os bandidos e terminavam o orgásmico e sangrento festim aos beijos, no final feliz do "the end" do filme.

A selva geral se deu e se dá no Brasil também, a época é variável , 1500 à 1900, e devemos todos nós querermos uma outra realidade diferente para depois dos anos 2000.

O Que têm esta História a ver com o Maracatu? - O MARACATU é tudo isto ai junto.

A hospitalidade nordestina reconhecida como um dos pontos fortes dos traços de nossos custumes, marcadamente vem de nossos indios, que receberam os brancos europeus e os negros africanos, que por sua vez também devem ter recebido a civilização branca com a altivez natural de habitantes legítimos destas regiões, e também em suas consciências cósmicas, dirigidas para o destino atual do Brasil que ao entrar neste terceiro milênio, se mostra como o verdadeiro "melting point" da miscigenação racial de todo o planeta.

Hoje em dia, já temos, nossos japoneses, nossos chineses, nossos alemães, nossos ingleses, nossos franceses, nossos holandeses, nossos americanos do norte e do sul, nossos espanhois, nossos portugueses, nossos mouros, nossos muçulmanos, nossos tuaregs, nossos indús, nossos africanos, nossos bárbaros e nossos doces, etc., etc., enfim somos os representantes mais ricos em termos desta mistura humana, por favor não esqueçam os indios, pois realizamos o projeto talvez mais amplo da humanidade.

A saudação usual da Hospitalidade entre as nações de nossos indios e as outras nações que chegavam após vários períodos e fases, tinham inicialmente o espanto e respeitosa aproximação, depois escravizados, o da revolta e guerra, e ao histórico domínio pela superioridade das armas, riquezas exploradas, movimentação e tecnologia, e etc., E inicia-se a fusão destas raças , e o nascimento do ser brasileiro.

-"Ere iobê" (Tu vieste?) dizia o Cacique Morubixáua da Nação visitada.
-"Pa-aiotu" (Vim, sim) dizia o o representante da Nação visitante.
-"Auge-be" (Bem dito) respondia o "Rei e Rainha e o Povo" da nação visitada. E os visitantes ficavam à vontade, com as palavras de recepção emitidas que valia como: bem vindo, ou diz bem o que tu fala, e nós te recebemos.

Não deve passar desapercebido, nem aos olhos mais desatentos, o simbologismo do Maracatu em suas cargas conceituais: Artes plásticas, roupas e adereços, pinturas; Expressões Corporais, diversos modos de danças, posturas representativas; Ritmos, Músicas, Vocabulários. E como espetáculo transcendental de nossa cultura viva.

A realidade do Teatro, somente para citar alguns, o Teatro Kabuki (japonês) pela utilização das máscaras que define expressões estáticas e posturas miméticas, o Grego quando um homem representa personagem mulher, a Rainha, (tradição do Maracatú do Ceará) e ainda incorporando as raízes negras, brancas e indias, e o Teatro Romano, por sua tradição de encenação pública e itinerante, sujeitas a modificações conforme a platéia, como nas Arenas.

Se todos estes pontos de identificação do Maracatu, fosse fruto de um produto artístico racionalizado e realizado grupalmente, com o tempo definido de uma companhia teatral, ou seus sucessores, já seria um grande fato. Mas ao constatarmos que esta função existe ao longo de décadas e mais décadas, (os estudiosos podem relatar sua durabilidade, especificidade e importância), e além de tudo, levada em frente por grupos populares, em expontânea e transcendental informações de arquétipos estrutural de nossa cultura , é óbvio e ululante, "que eles, somos nós".

Com suas alas de indios, negros e brancos, a abertura de leques de informações, a representação das nações com seus Reis e Rainhas, que significativamente podem ser representados simbólicamente por elementos de qualquer raça, ao pintarem seus rostos com a tinta preta , a fisionomia é anulado teatralmente pela máscara, e com ela, qualquer traço de identificação racial, permanecendo no entanto, qual o negativo de uma fotografia, a imagem íntegra de um ser humano no seu mais alto positivo. Por isto o sentido do Re-Ligari que o mesmo possui.

O Ritmo é Hipnótico, centraliza o estado natural das pessoas, a Música é composta por unidades Mântricas, de Auto-Concentração Interior.

A palavra é utilizada neste Ritmo e nesta Música com a finalidade mística e religiosa de fazer o Bem, e seus emitentes, devem estar aptos a concretizá-las em ações de equilíbrio com outras entidades e forças.

MARACATU AZ DE OURO

Curiosamente, o Maracatu desfila também durante o Carnaval, e seu ritmo, longe de ter os apelos frenéticos das bandas de frevos, escolas de samba, e agora dos carros de axé músic, também consegue arrastar multidões aos seus desfiles, similar fenômeno também existe na Bahia, com os afoxés, só que aquí no Ceará, os maracatus estão sendo incompreensívelmente colocados em escaninhos folclóricos, e sendo distanciados da festa popular por todas as formas e meios, o que é um gritante equívoco, como resultado eles se tornam progressivamente longínquos da identificação das novas gerações cearenses, que perdem este precioso referencial próprio, para em seu lugar, adotarem o referencial cultural de outras regiões.

Isto é no mínimo uma política cultural suicida, em relação à autonomia cultural, artística e de custumes popular que está sendo praticada contra o sincretismo de uma manifestação espontânea e abrangente, sem o aval do povo cearense.
A consciência, do conteúdo desta resistência, é fundamental para que possamos conhecermos a nós mesmos.

Esta realidade é tão estranha e contudente, que talvez existissem parâmetros de comparações, se pudermos imaginar alguém pensando em acabar, ou colocar em gavetas classificatórias menores, distanciando de festas populares, manifestações como: os Afoxés na Bahia, as Escolas de Samba no Rio de Janeiro, os Blocos de Frevo em Pernambuco, os Bumba Boi do Maranhão, por exemplo.

O raciocínio de que o Maracatu, possui um andamento muito diferente do que alguns elegem por conta própria para o padrão do carnaval cearense, é no mínimo, ingênuo, desinformado, ou interessado em limpar espaços em nossa própria terra, para que depois a monocultura sistemática e controlada seja realizada.

Queremos ver e saber de tudo, não somos xenófobos, gostamos da diversificação e democracia sonora, visual, da informação das várias maneiras de ser brasileiro, mas também estamos atentos as tentativas de nos tornarem apenas consumidores do modelo dos outros, e a preservação de todos os prismas de nossa identidade é vital para que possamos ser e estar.

SER E ESTAR
Ednardo

O imenso brilho do sol que explodiu nesse céu
Fotografou você
Sua sombra no ar a bailar, virou um louco maracatú
Sua dança a dançar, babel de som da cidade
Gente é preciso se dar valor, para ser e estar
Nesse rio real da existência
Além da dor, mêdo, violência
Existe o prazer de querer e ser querido
Revelar o precioso ser, habitante em nós
Vestindo o azul do espaço, e rasgando a mordaça da voz
Sonhar plural, acreditar estar com todos
Na solitária sina, solidariedade ao povo
De qualquer lugar, múltipla fantasia
Tudo é, foi, e será, escrito está
Solar expressso solar, tão cheio de gente a viver
Desabrochando aquí, no chão do planeta
Uma aura de um ôvo de luz, daonde nasce outra terra
Não fazendo de sí alimento, dos senhores da guerra
Olhar pro Aquarius no céu, vê se vê
Vê se vem, já não dá pra esperar

5 comentários:

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